“Um relacionamento de coaching bem sucedido é sempre uma história de transformação, não apenas de níveis mais elevados de desempenho."
Robert Hargrove (1995, p.81)
A frase-título deste artigo ecoa em nossos ouvidos desde a primeira vez em que a ouvimos, proferida pela Dra. Rosa Krausz em um dos módulos da formação de coaching executivo e empresarial (2011). Naquele momento, a afirmação pareceu-nos tão clara e ao mesmo tempo nebulosa, como se escondesse uma dura verdade por detrás das palavras. E de fato escondia, ao menos, uma necessidade de mais profunda reflexão e compreensão.
“Trata-se de uma verdade paradoxal – mas absolutamente real – e também de um importante princípio da vida, o fato de que a maneira mais provável de se alcançar um objetivo é não manter-se focado especificamente nele, mas em algo bem mais ambicioso” (TOYNBEE apud DE VRIES, p. 63).
Com esta fonte de inspiração inicial, construímos este artigo trabalhando basicamente com o conceito de coaching executivo como um processo que visa a apoiar indivíduos a aprimorarem seu desempenho no papel exercido na empresa como um catalisador de mudanças.
Um universo de possibilidades se abre quando compreendemos o sistema no qual se insere o coachee. A cultura da empresa, os jogos de poder, as reais motivações que o encaminharam a um processo de coaching, as expectativas de todos os envolvidos, os parceiros de jornada, os não parceiros, as ligações existentes entre os elementos intrapsíquicos e interpessoais. Quais os riscos ao coachee atingir a meta tão aspirada? Quais os riscos ao não atingir? Quem serão os beneficiários desta empreitada? Há os que perdem? Quem são os que perdem?
O coaching executivo precisa encarar esta realidade com profundidade e seriedade. Não se trata apenas de fazer coaching com um executivo, mas com tudo o que envolve este indivíduo. É como se casar e levar junto toda a família que, certamente, interferirá na relação por muito tempo, ainda que não se dê conta disto.