No âmbito do Tribunal de Justiça de Pernambuco, a Corregedoria Geral tem como uma das competências desenvolver atividades de orientação e acompanhamento do processo de vitaliciamento dos juízes. Vitaliciamento é um período bienal durante o qual os novos magistrados são avaliados em sua atuação e desempenho, antes de adquirirem a estabilidade. Também é responsabilidade da Corregedoria indicar a necessidade de implantação de ferramentas de apoio e de promoção de práticas dirigidas à efetiva adaptação dos juízes vitaliciandos ao cargo. Nesse contexto, surgiu o Programa de Mentoria para Juízes Vitaliciandos.
Mentoria é um processo baseado no relacionamento entre duas pessoas, no qual uma (mentor) ajuda o desenvolvimento da outra (mentorado), na vida e no trabalho. Trata-se de uma aliança que cria espaço para um diálogo que resulta em reflexão, ação e aprendizado, transformação e crescimento para todos os participantes, sejam mentores ou mentorados. Esse processo pode acontecer espontaneamente em qualquer ambiente, mas também pode ser aplicado de forma planejada e estruturada.
No ano de 2012, estávamos diante de uma turma de magistrados recém-empossados. Não havia dúvida de que aqueles profissionais eram tecnicamente muito preparados. Afinal, foram selecionados após várias etapas de um concurso público reconhecidamente exigente. Porém o destino deles seria ocupar comarcas por todo o território do Estado de Pernambuco, em grande parte dos casos, cidades com pouca estrutura. Inevitavelmente, o receio do ambiente desconhecido, solidão, incertezas e muitas cobranças os acompanhariam.
Definimos o objetivo do Programa: facilitar o processo de adaptação dos novos magistrados ao cargo e à função judicante. Acreditávamos que, por contarem com o apoio de magistrados experientes, poderiam desenvolver habilidades e elevar seu nível de confiança no cumprimento de sua missão. Estruturamos o Programa com a contratação de um especialista para delinear nossas ações. E, como base para a construção do programa, foi logo formada uma equipe de supervisão com quatro servidoras da Instituição. Suas atribuições eram de apoio aos pares mentor-mentorado ao longo do processo, estimulando os relacionamentos, verificando sua evolução, discutindo diferenças e aferindo resultados. Tínhamos 33 novos juízes –mentorados– e precisávamos de 33 juízes experientes –mentores– com perfil de escuta ativa e habilidade para compartilhar suas experiências ao longo da caminhada profissional e de vida, o que certamente muito contribuiria para o aporte de conhecimentos e suporte emocional. A receptividade ao convite pelos juízes experientes foi surpreendente. A inovação despertou neles muito interesse, pois significava o apoio que eles gostariam de ter tido quando no início da carreira. Era a possibilidade prática de mudar a história. Nossos olhos começavam a brilhar com a sinalização positiva.