É quase um truísmo dizer que vivemos um momento de profundas transformações, e de dúvidas, em todas as esferas das nossas vidas, públicas e pessoais. E o mundo do trabalho é um dos campos em que essas mudanças ocorrem em velocidade cada vez maior, não poupando nenhum de seus integrantes dos inevitáveis impactos e angústias que são trazidos pelo novo, pelo desconhecido.
A tal urgência em se adequar aos novos e conturbados tempos somam-se o encolhimento dos espaços de conversação e de criação. É nesse cenário de desafios, em que as dúvidas sobre os caminhos a seguir chegam a gerar intensa ansiedade nas pessoas, que surgem as práticas consideradas “humanizadas” como Mentoring, Coaching, Counseling etc..
Ao longo dos meus anos de prática, seja como coach ou como mentora de numerosos líderes, ou ainda como consultora na implementação de programas corporativos de Mentoring, sempre constatei a potência que o Mentoring é capaz de imprimir na cultura, na estratégia, na prática de valores e na construção de vínculos solidários entre profissionais. Nenhuma outra abordagem utilizada no desenvolvimento de líderes é capaz de entregar energia semelhante.
A explicação para a inegável efetividade dessa prática é a sua singeleza: o Mentoring é uma relação que se estabelece entre dois indivíduos, o Mentor e o Mentorado, na qual trocam-se experiências – profissionais e mesmo pessoais – em uma mão dupla. O mais sênior, o Mentor, que passou e aprendeu por um número maior de eventos, relata seus conhecimentos ao menos experiente, o Mentorado. Mas este tem a oferecer um olhar atual, o entusiasmo irriquieto e a novidade com os quais talvez o Mentor já não tenha tanto contato. Não é difícil perceber que esse tipo de relação é bastante parecido, embora mais democrático e informal, com o que se estabelece entre mestres e aprendizes, pessoas maduras e jovens colegas, pais e seus filhos.
A explicação para o significado de Mentoring em si já é capaz de explicar muita coisa. O termo tem a sua origem na mitologia grega, mais concretamente na obra “Odisseia” de Homero. Quando o personagem Ulisses sai para a longa e incerta Guerra de Troia, pede a um sábio grego, Mentor, que se ocupe da educação do seu filho. O conceito de mentor ou mentora entrou rapidamente na linguagem comum para simbolizar a pessoa estimada e culta que guia e aconselha uma pessoa jovem e menos experiente.