No presente artigo, quero apresentar a visão sistêmica como campo referencial na condução do processo de Mentoria.
Há pouco mais de 40 anos, quando voltava de uma pós-graduação no IBRADES-PUC-Rio, levei um verdadeiro choque mental quando me foi então apresentada, num seminário de Criatividade Comunitária, em Joinville/SC, com o Prof. Waldemar de Gregori, a visão holo-sistêmica. A formação acadêmica que eu tinha foi uma barreira difícil de transpor. Já se falava em sistema. Mas a visão era toda linear, mecanicista, fragmentada. O referido seminário com o Prof. de Gregori provocou uma verdadeira reviravolta, que levou alguns anos de estudos e de prática social para internalizá-la como integrador mental. Mais tarde, quando fazia meu mestrado e doutorado sob a tutoria do Prof. Antonio Rubbo Müller, na Escola Pós-Graduada de Ciências Sociais da FESP-USP, é que pude ampliar os fundamentos desta visão holo-sistêmica, principalmente na aplicação prática dos modelos holográficos do Prof. Müller e seus desdobramentos feitos pelo Prof. de Gregori.
Nos trabalhos que desenvolvíamos através do Movimento de Cibernética Social por todo o Brasil e pela América Latina, pudemos sentir, de um lado, o quanto as pessoas tinham dificuldade de superar as visões estáticas, dicotômicas, fragmentadas dos modelos tradicionais, ensinados nas escolas e reforçados nas igrejas e nas organizações públicas e privadas. Por outro lado, sentíamos também a alegria se estampar no rosto das pessoas por lhes abrir a mente para uma visão mais integradora e coerente com a vida.
Desde então, viemos aplicando esta visão holo-sistêmica ao atendimento de pessoas, o que hoje denominamos de Mentoria. Pude sentir a riqueza desta visão no desenvolvimento pessoal, profissional, organizacional e social. Novos referenciais holográficos foram criados para facilitar sua compreensão, sempre difícil devido às barreiras mentais estratificadas.