“Não quero a beleza, quero a identidade”.
Clarice Lispector
O que é sucesso? Para alguns, é adotar certos padrões como ter um bom emprego e chegar ao nível mais alto da organização, ganhar o primeiro milhão antes dos trinta, possuir toda tecnologia disponível no mercado, noivar, casar, ter filhos, manter um corpo escultural, circular com o carro do ano, vestir roupas de uma determinada marca e manter-se na moda. Para outros, uma vida bem sucedida é não ligar para os bens materiais e viver uma vida simples. De qualquer forma, a sociedade sempre diz o que é bom pra você ou te faz acreditar no que é bom pra você. E talvez, muitas pessoas já experimentaram atender aos padrões sociais ao mesmo tempo em que experimentam um sentimento de profundo vazio, talvez porque se sentem desconectadas de um sentido mais profundo da vida, de seu trabalho e dos relacionamentos. O sucesso torna-se incompleto e frágil quando a vida torna-se incoerente, não mais alimenta o espírito, se desconecta do sonho, gera desequilíbrio e deixa de expressar plenitude e felicidade em todas as suas áreas.
Como ter sucesso, manter-se harmonizado com os papéis sociais e realizar-se plenamente sem parecer um ET no mundo em que vivemos? Claro que não tenho a resposta. Mas se tentássemos compreender a relação de influências entre a sociedade e o indivíduo, poderíamos ampliar nosso campo de visão sobre o tema. Um modelo que pode nos ajudar nessa tarefa é o conceito dos Níveis Neurológicos, que reconhece a existência de níveis organizados de forma hierárquica no indivíduo e nos grupos. O primeiro nível - do “ambiente” - são os lugares que frequentamos e interagimos com outros, nossa comunidade (casa, trabalho e locais sociais). O segundo nível - “comportamento” - são as ações que realizamos no ambiente onde interagimos. O terceiro nível - das “capacidades” - são os talentos, habilidades e qualidades. O quarto nível - dos “valores” - são os motivos, as crenças que nos mobilizam e o quinto nível é a “identidade” e define “o que sou e o que quero ser” em cada um dos papéis que queremos exercer na vida como pai/mãe, filho, esposo(a), líder, e qual é o impacto que causamos nas pessoas e, consequentemente, no mundo.