Se você se recorda, amigo/a leitor/a, em nosso último encontro versamos sobre imutabilidade e fluxo e suas relações com os processos de Coaching. Fomos apresentados ao Ser de Parmênides e à mudança de Heráclito, e lá pelas tantas engrossamos o coro em nome de Heráclito, bradando alto e em bom tom a necessidade da aceitação da transitoriedade para que possamos ser bons coaches e também bons clientes/coachees. Todavia, quando falamos de Filosofia, é prudente abandonar todo tipo de postura rígida e inflexível, pois, apesar de discordar em alguns detalhes, os filósofos tendem a concordar entre si quanto a inúmeros outros aspectos. Por este motivo, se quisermos continuar caminhando pela trilha do pensamento filosófico ocidental, pontuando suas interfaces com a prática do Coaching, precisaremos legitimar a busca parmenidiana, pois dela emanaram grandes questionamentos e importantes sistemas filosóficos que nortearam nossas ações em determinados momentos da história. Além disso, hipotetiza-se que Parmênides tenha influenciado o pensamento de Sócrates, uma das personagens mais importantes de nossa civilização, e que guarda grande afinidade com aquilo que chamamos de Coaching.
Sócrates (469 a.C – 399 a.C) foi um filósofo que viveu em Atenas, na Grécia, e costuma-se afirmar que foi um dos fundadores da filosofia ocidental, ainda que sua figura esteja envolta em grande mistério, pois tudo o que se sabe sobre ele nos foi legado pelas obras de seus alunos, como Xenofonte e Platão. Este último o elegeu como personagem principal de suas obras escritas na forma de diálogos, e um desses diálogos recebe o nome de Parmênides. As personagens principais desse conhecido diálogo platônico são o próprio Parmênides, o ainda jovem Sócrates e Zenão de Eleia. Esta obra de Platão nos faz pensar que Sócrates possa realmente ter tido contato com Parmênides em sua juventude, e que a filosofia parmenidiana tenha influenciado profundamente seu pensamento. É digno de nota que, antes de Sócrates, os filósofos estavam preocupados com o entendimento da natureza. Segundo o filósofo romano Cícero, coube a Sócrates transferir a Filosofia do céu para terra, ou seja, Sócrates apropriou-se da maneira sofisticada com que Parmênides e seus antecessores – os filósofos pré-socráticos - pensavam as questões sobre o universo, e a transferiu para o âmbito da ética, das relações humanas, dos desafios da convivência na cidade.