revista-coaching-brasil-logo-1 icon-bloqueado icon-busca icon-edicoes icon-login arrow-down-sign-to-navigate

Edição #17 - Outubro 2014

Localize rapidamente o conteúdo desejado

Mitologia, Coaching e seu Lugar Natural

Na edição de número 16 inicia­mos a coluna Coaching e Filo­sofia, que tem como objetivo principal apresentar algumas das ideias filosóficas mais im­portantes chanceladas pelo pensamento humano, pontu­ando também as possíveis in­terseções dessas ideias com as práticas do Coaching. A ideia básica desta sequência de tex­tos que está por vir é realizar um sobrevoo pela história do pensamento humano, princi­palmente no que tange à Ética, ou seja, a melhor maneira de viver. Almejo conceder a você, profissional de Coaching ou leigo no assunto, um cabedal teórico que possa ampliar sua percepção sobre a complexida­de que permeia as tomadas de decisão que somos obrigados a realizar durante nossas traje­tórias existenciais. As relações com os processos de Coaching são bastante evidentes, uma vez que todo e qualquer pro­cesso pressupõe a deliberação sobre a melhor ação, com vistas à obtenção dos melhores resul­tados na vida. Por isso a Filo­sofia. Por isso a arte de pensar profundamente. Por isso a radi­calidade criteriosa.

Todavia, milhares de anos an­tes do surgimento da Filosofia, o homem já era possuidor de dilemas existenciais e dúvidas quanto aos rumos que deveria conceder à sua vida. Antes de ter o apoio da Filosofia, o ser humano encontrou amparo na Mitologia, que serviu de base para a tentativa de apaziguar seus conflitos e suas dúvidas mais prementes. Isso mesmo caro leitor/a, houve um tempo em que os poetas nos conce­deram auxílio para que pudés­semos deliberar a melhor ma­neira de viver. Hoje, passados milhares de anos desde que poetas gregos como Hesíodo, Homero, Apolodoro, Virgílio e Ovídio nos presentearam com suas obras, os mitos ainda po­dem nos ser úteis na elabora­ção de estratégias para melhor viver e conviver.

Os mitos gregos, por mais diferentes que possam parecer ser, guardam todos um tipo muito singular de representação da vida, e esta representação nor­teou o imaginário dos gregos arcaicos por séculos e séculos, e como veremos em colunas subsequentes, esta representa­ção também ecoou em muitas das ideias filosóficas poste­riores. Em seu poema Teogo­nia, de 650 a.C., Hesíodo narra a origem e a genealogia dos deuses da mitologia grega. No início, relata Hesíodo, só havia um deus, e ele era disforme, lú­gubre, desarmônico e desorga­nizado. Seu nome era Caos. De Caos, surge Gaia, a mãe Terra, e em seguida é gerado um deus chamado Eros que emerge para conceder energia vivificadora a todas as criaturas, quer sejam divinas ou humanas, e que mais tarde ajudarão a compor o uni­verso. Erotizada por Eros, Gaia dá à Luz a Urano, e este ime­diatamente inicia uma relação amorosa com sua mãe. Desta relação surgirão muitos filhos. Doze deuses denominados Ti­tãs, somados a três ciclopes, gigantes de um olho só, e três criaturas descomunais deno­minadas hecatonquiros, que tinham cada uma cem braços e cinquenta cabeças. Todavia, a volúpia sexual de Urano era tão ampla que ele não parava um segundo sequer de copular com Gaia, o que a impedia de parir seus filhos. Para resolver esta embaraçosa situação, Cro­nos, um dos Titãs, forja no inte­rior de Gaia uma enorme foice e castra seu pai Urano, que ime­diatamente se separa de Gaia indo parar no lugar que hoje denominamos de céu. De fato, Urano é o próprio céu estrela­do. Ao se desvincular de Gaia, Urano gera o espaço, e com a noção de espaço surge também o tempo, onde, a partir de ago­ra as criaturas divinas e poste­riormente os mortais, poderão escrever suas narrativas biográ­ficas. Neste ponto já podemos intuir uma relação muito íntima entre o tempo e a Ética, pois, todos os dilemas e dúvidas que vivenciamos durante nossas trajetórias existenciais são fi­lhos de Cronos, do tempo, pois, ao nos percebermos como se­res que estão imersos na tem­poralidade, inevitavelmente nos percebemos também como seres finitos. Por sua vez, a fini­tude nos faz constantemente pensar em nossas vidas. A fini­tude nos faz duvidar se a vida que vivemos hoje é, de fato, a melhor das vidas a ser vivida.

Para ler este artigo completo...
Faça login ou conheça as vantagens de ser premium.
Faça seu login Veja as vantagens de ser Premium
Gostou deste artigo? Confira estes da mesma coluna:

Coaching, Razão e Spinoza. Primórdios da Inteligência Emocional - Parte 3

O legado, ainda que não reconhecido, de Spinoza Como vimos da edição passada, a filosofia de Spinoza também é encontrada imbuída na psicologia moderna, muito embora inúme­ros psicólogos e neurocientistas desconheçam esta aproximação. O texto abaixo foi retirado da orelha de um livro que se tornou um best seller na década de noventa, e até hoje reverbera nas mais di­versas áreas... leia mais

13 minutos

Coaching, Emoção e Spinoza. Um olhar sobre os afetos - Parte 2

Na edição passada, versamos um pouco sobre a Filosofia de Spinoza, filósofo holandês que acredita que a razão pode nos auxiliar a entender nossas paixões, ainda que nunca lhe seja concedida a primazia de controlá-las. Spinoza também acredita que algumas paixões/emoções/afetos estão mais de acordo com a razão. Quais seriam esses afetos? Como pode a razão nos ajudar a adquirir certos... leia mais

17 minutos

Coaching, Emoção e Spinoza. Um olhar sobre os afetos - Parte 1

“Todo filósofo tem duas filosofias: a sua e a de Spinoza.”Henry Bergson Spinoza, um homem fora de seu tempo Imagine-se conduzindo uma reunião de trabalho quando um de seus colaboradores começa a versar sobre acontecimentos que envolveram ele e um ges­tor do departamento onde você ocupa um cargo de liderança. A emoção gradativamente vai se­questrando-o, e dentro de pou­co... leia mais

18 minutos

Maquiavel. Será que você pode aceitá-lo? - Parte 3

Os fins justificam os meios? Olá, caro/a amigo/a leitor/a. Che­gamos ao final da saga maquia­veliana. A partir de hoje espero que este conhecimento possa abalizar ainda mais suas ações como amante da complexidade da natureza humana. Vamos fi­nalizar suas ideias? Maquiavel nunca afirmou que o Príncipe deva se esforçar para ser somente temido, como al­guns interpretaram... leia mais

18 minutos

Maquiavel. Será que você pode aceitá-lo? - Parte 2

Sobre desejos e condutas “maquiavélicos” Olá, caro/a amigo/a leitor/a. Como pactuado na edição passada, continuaremos a versar sobre Maquiavel e sua relação com o Coaching e com aspectos ligados à prática da liderança e do manejo do poder, sempre atrelado a esta última. No entanto, para que possamos terminar nossa linha de raciocínio, pontuando a “moral da história” ainda... leia mais

17 minutos
O melhor conteúdo sobre Coaching em língua Portuguesa
a um clique do seu cerébro
Seja Premium