Coaching não é ferramenta para gerar felicidade. Mito ou verdade? Existe uma venda no mercado de ilusão de todas as coisas maravilhosas que o Coaching pode entregar aos participantes deste processo, quase uma apologia à ascensão aos milagres.
Coaching deve gerar mobilidade com alguma satisfação, significa que algo acontecerá de positivo, levando o participante a alcançar um objetivo almejado. Mas poderíamos afirmar então que isso significa felicidade?
Nem os mais renomados estudiosos da Psicologia Positiva arriscam definir com convicção o que é ser feliz. Por exemplo, um executivo nos procura (Coaches) para fazer uma mudança agressiva em sua carreira – uma mudança de área, ou uma promoção desejada. As conversas ocorrem com o tom do desejo e da análise dos riscos e oportunidades envolvidos. Ao final, o cliente pode ou não atingir seu estado desejado - em ambas as situações a felicidade pode ou não estar presente. Por que?
Simples, o resultado desejado quando atingido, pode desencadear um processo que chamo da “síndrome do próximo prazer”. O cliente atinge aquilo que mais queria, e agora passa a desejar outra coisa ainda mais complexa, assim como uma criança negocia com pais e parentes próximos para conseguir o brinquedo de seus sonhos, e quando o ganha, percebe que o mesmo não era tudo o que imaginava, nesse momento um novo desejo nasce.
Coaching não pode evitar tais fatos. Portanto o Coaching da Felicidade pode apenas tratar-se de uma falsa promessa mercadológica, apenas mais uma.
Felicidade, assim como motivação, são termos vagos e que dificilmente são alcançados em sua plenitude. Mudam de pessoa para pessoa, de tempos em tempos, são influenciadas por fatores internos e externos, aos quais temos pouco ou, algumas vezes, nenhum controle.
Um jovem pode receber Coaching para auxiliá-lo a definir uma carreira. Pode estar feliz ao tomar esta decisão. Anos depois pode estar infeliz por descobrir que aquilo não era o que realmente queria. Um executivo aos trinta anos pode ser muito feliz ao ser promovido precocemente a um cargo muito importante. Meses depois a mesma vitória pode trazer conflito com uma vida pessoal plena. As pessoas reclamam da falta de tempo, mas quando se aposentam reclamam do ócio. Lutamos desde crianças para sermos “felizes” em conformidade com os prescritos de nossa sociedade. Saúde perfeita, uma conta bancária recheada, imóveis, carros bacanas, filhos bem educados, família unida. Mas esse padrão também muda e torna a conformidade da felicidade ainda mais complexa. As expectativas de um jovem que estuda no Brasil aos dezesseis anos é muito diferente do mesmo jovem na Escandinávia, ou na África, ou no Oriente Médio. Mudando o ambiente cultural mudam os mecanismos que influenciam o que podemos chamar de estado de felicidade.