Quantas vezes nos pegamos dizendo para nós mesmos, “Eu só quero ser feliz...”? Mas, por que parece tão difícil ser feliz?
O mestre budista Lama Yeshe nos esclarece de uma maneira simples e direta:
“Sentindo-nos um tanto incompletos, inseguros e insatisfeitos, procuramos externamente a nós por alguma coisa ou alguém que nos faça sentir inteiros. Consciente ou inconscientemente, pensamos: '- Se eu tivesse isto ou aquilo, então eu seria feliz!'. Com este pensamento a nos impulsionar, tentamos possuir qualquer objeto atraente que pareça satisfazer nosso desejo. Nesse processo, transformamos o objeto em um ídolo, superestimando suas qualidades atraentes até ele ter pouca semelhança com sua natureza real. Nessa tentativa de possuir esse objeto de desejo superestimado, podemos ter êxito ou não. Se não tivermos êxito em nosso esforço – se o objeto permanece além de nosso alcance – então naturalmente nos desapontamos; quanto mais desejamos o objeto, mais perturbados ficamos se não conseguimos possuí-lo. Mas o que acontece se temos êxito, se conseguimos o que desejamos? Aquilo que temos em mãos e aquilo que esperávamos obter revelam-se duas coisas bem diferentes. Pois aquilo que temos em mãos não é a imagem de nossos sonhos, tão ansiada – a solução permanente, completa e sempre satisfatória de nossos maiores problemas – mas algo tão imperfeito, incompleto e impermanente quanto a nós mesmos. Essa pessoa ou coisa pode até nos dar algum prazer momentâneo, mas nunca poderá corresponder às expectativas que tínhamos a seu respeito. E mais cedo ou mais tarde nos sentimos enganados e muito desapontados.”
(Yeshe, Lama, Introdução ao Tantra, Ed. Gaia)
Portanto, vamos começar por entender o que não é felicidade, apesar de parecer ser. Por exemplo, sentir o prazer em comprar algo que queremos muito mas que, na realidade, desejamos há pouco tempo não é felicidade, mas sim o alívio imediato de uma ansiedade interna que busca por satisfação.
Felicidade não é um estado explosivo e descontrolado no qual podemos perder o controle gritando, rindo ou dançando “loucamente” com a música bem alta. Podemos sentir um grande prazer em fazê-lo, mas depois iremos cair num estado de exaustão que muitos reconhecem como “o dia seguinte”. Por isso, embebedar-se ou fazer uso de qualquer droga pode gerar um grande prazer momentâneo, mas não gera felicidade.