Querido(a), leitor(a),
há algo invisível, mas sempre presente, que guia cada gesto, cada silêncio, cada decisão dentro de uma organização. É como uma música de fundo que nunca para de tocar, às vezes suave, às vezes estridente, às vezes quase inaudível, mas que dita o ritmo da dança. Essa música se chama Cultura Organizacional.
Esse tema me acompanha há mais de três décadas. Já a observei em empresas que floresciam e em outras que murchavam. Vi culturas que estimulavam a ousadia e a confiança, e outras que sufocavam a criatividade. Cultura é esse rio subterrâneo que corre sob os nossos pés. Podemos ser levados pela correnteza ou aprender a navegar com mais consciência.
Em 2022, na edição 111, sob a coordenação de Fernando Lanzer, abrimos uma primeira janela para este universo. Agora, três anos depois, sentimos a urgência de voltar a ele, porque cultura não é estática: ela se move, se reinventa, se distorce, se fortalece. E quem conduz esta nova travessia é Veruska Galvão, que reuniu sete autoras igualmente engajadas. O resultado é um dossiê estruturado, prático e provocador, daqueles que não basta ler, é preciso mergulhar, estudar e deixar ecoar.
Mas afinal, o que é cultura? É o sistema de crenças, valores e práticas que molda o “como fazemos as coisas por aqui”. É a história que se conta nos corredores, as metáforas usadas, os rituais que unem ou afastam. É, em última instância, o que mantém viva, ou apática, a alma de uma organização.
O mais curioso é que, mesmo sendo tão determinante, a cultura muitas vezes passa despercebida. Líderes elaboram planos estratégicos brilhantes, departamentos de RH implementam processos sofisticados, consultores apresentam metodologias impecáveis, mas se ignorarem a cultura, o fracasso é certo.
Por isso, este dossiê não é apenas para estudiosos do tema. Ele é um convite para qualquer um que ocupe ou transite por espaços organizacionais. Porque todos nós alimentamos esse rio com nossas escolhas, falas, ações e omissões.
Que este mergulho provoque mais perguntas do que respostas. Que instigue líderes a olhar para além dos indicadores e das metas. Que incentive profissionais de RH a perceberem que seu maior desafio não está nas planilhas, mas nas narrativas que sustentam as relações. Que desperte em cada leitor a consciência de que mudar uma cultura é menos sobre decretos e mais sobre diálogos, menos sobre manuais e mais sobre exemplos vivos.
Desejo que esta edição nos ajude a enxergar o que já está dentro de nossas organizações e que também nos convide a imaginar futuros mais humanos e mais coerentes com os valores que desejamos viver.
Afinal, cultura organizacional não é apenas o que herdamos. É, sobretudo, o que escolhemos alimentar.
Boa leitura!
Fique com meu abraço fraterno,
Luciano Lannes
Artigo publicado em 04/09/2025