Querido(a), leitor(a),
No dossiê desta edição, falamos sobre pessoas e a forma como participam e interagem em grupos e equipes, seja no trabalho, em reuniões, ou mesmo no ambiente de treinamento.
A baixa participação de muitas pessoas nessas ocasiões, seja por medo, insegurança ou desinteresse, compromete a representatividade das soluções construídas e enfraquece o compromisso coletivo, já que a maioria não se reconhece como coautora das decisões finais.
Olhando para este quadro, Henri Lipmanowicz e Keith McCandless criam as “Estruturas Libertadoras” (Liberating Structures) há cerca de 20 anos, com o objetivo de democratizar a participação em grupos, tornando reuniões, workshops e processos decisórios mais inclusivos, eficientes e criativos.
Elas se caracterizam por serem microestruturas fáceis de aplicar, que prometem aumentar a participação e a escuta em grupos, e como mostram os coordenadores deste dossiê, Fernando Murray Loureiro e Carolina Ribeiro de Almeida, as ELs vão muito além das técnicas. Elas nos convocam a repensar nossas crenças mais arraigadas sobre controle, autoridade, previsibilidade e, sobretudo, confiança.
Muitos grupos, mesmo após experiências potentes com ELs, voltam a formatos centralizados e expositivos, e o motivo está no medo. Medo do caos, da lentidão, da perda de controle. Medo de confiar na inteligência coletiva.
As ELs operam nesse espaço liminar entre ordem e caos, que o modelo caórdico descreve tão bem. Um espaço vivo, criativo, onde não há respostas prontas, mas há espaço para coautoria, descoberta e inovação genuína.
Os 11 textos deste dossiê exploram esse território com profundidade e generosidade. Trazem experiências, reflexões e práticas que mostram como as ELs reorganizam não só reuniões, mas também relações, escuta e decisões. Revelam que a mudança proposta pelas ELs não está apenas no “como facilitar”, mas em como nos colocamos diante do grupo, do tempo e da incerteza.
Por fim, registro com gratidão a despedida de Ana Pliopas da coluna “Um outro olhar”. Com 79 artigos publicados nessa coluna, Ana nos presenteou com um legado inestimável para quem atua com desenvolvimento humano, e o Coaching em particular, presenteando leitores com um rico repertório de experiências, dicas e sacadas.
Seguimos também com nossas demais colunas com destaque para o artigo de Rosa Krausz sobre Inteligência Artificial, onde ela faz uma revisão na bibliografia no tocante a “quanto podemos confiar na IA”.
Como sempre, te desejo uma excelente leitura, e que as estruturas que você aplicar a partir daqui libertem mais do que falas, libertem possibilidades.
Fique com meu abraço fraterno,
Luciano Lannes
Artigo publicado em 11/08/2025