Gosto da brincar com a origem das palavras. Assim como árvores precisam de raízes fortes, nossa linguagem e cultura também precisam de suas raízes. Quando penso em criatividade me vem em mente a criança. Leve, curiosa, quer experimentar, se arrisca em movimentos novos, se interessa em mil “porquês” e não tem medo de não saber. Quem já foi assim? E o melhor, quem ainda é!
Criatividade e criança derivam do latim “creare”, que significa criar, fazer crescer, gerar. A palavra criança evoluiu através do latim vulgar “creantia” que se referia àquele que está sendo criado ou nutrido. Etimologicamente e conceitualmente, criança e criatividade compartilham a raiz creare. Esta ligação simbólica é bonita: a criança como expressão do processo de criação contínua, e a criatividade como a força vital que permite esse processo. Ambas evocam movimento, transformação, invenção e potencial. Em uma licença poética, seres criativos também são seres mais potentes.
Neurologicamente, a criatividade nos faz bem. Nos faz usar partes importantes do nosso cérebro. Muitas áreas que são ativadas para criarmos, termos ideias e escolher as melhores. Um cérebro saudável é um cérebro ativo com muitas conexões em suas diversas áreas, que são muitas. Resumidamente temos uma região composta por áreas somente para os devaneios, imaginação e geração de ideias e é desta área em particular que ativamos durante momentos de inspiração, quando a mente vagueia e conecta ideias aparentemente desconexas. Uma outra região distinta é responsável pelo foco, controle de atenção e avaliação de ideias e esta é importante para ajudar a organizar, julgar e aplicar ideias criativas em contextos reais. E uma terceira região decide quais ideias merecem atenção e ativação consciente. A criatividade emerge do equilíbrio dinâmico entre geração livre de ideias e avaliação crítica e refinamento.