Em nosso trabalho com grupos temos percebido a importância de, desde os primeiros momentos com a equipe, investirmos no estabelecimento de vínculos sólidos e benéficos que permitam que seus integrantes sintam-se parte de algo maior, que supere a meta e a aquisição dos objetivos iniciais, transformando-se assim em uma equipe de alto desempenho.
Equipe de Alto Desempenho, em nosso contexto, diz respeito às equipes que desempenham suas tarefas de forma eficaz, comprometida e com qualidade, sem, contudo, perder de vista a continuidade da equipe, a manutenção de um clima que motive a permanência e o crescimento contínuo de seus membros. Isso não significa que não existirão conflitos ou resistências, porém, seus integrantes compreendem a importância do manejo dessas situações de forma a colaborar com o seu desenvolvimento. A aprendizagem contínua é uma das características marcantes dessas equipes.
Entendemos por vínculos benéficos as relações que se estabelecem entre indivíduos, onde esses dão significado ao outro, reconhecendo e valorizando seus comportamentos, sem impor condições para que esses comportamentos sejam iguais aos seus. Para que os vínculos benéficos possam ser constituídos, existe o imperativo da criação de um espaço de reflexão e observação de condicionamentos e automatismos, que, se por um lado nos ajudam simplificando nossa relação com o mundo, por outro nos limitam e impedem nossa compreensão integral da realidade, gerando uma visão de mundo reducionista, fragmentada e esquemática.
Se entendermos que as coisas são o que são, quando apoiadas na percepção de quem as observa de uma forma particular, mas também são fruto do contexto onde estão inseridas e das relações recíprocas que mantêm entre si, podemos compreender que a partir das relações de reciprocidade é possível minimizar os preconceitos e estabelecer a reflexão sobre a alteridade que permeia a equipe. A alteridade pressupõe que eu apenas exista a partir do outro, de sua ótica, o que me permite compreender o mundo a partir de um olhar diferenciado, partindo não somente da singularidade que me define, quanto da pluralidade que me rodeia.