Crise climática, guerras, pandemia de COVID-19, crise migratória, desigualdade econômica e social, segurança cibernética, crise ambiental, perda da biodiversidade, extremismo e polarização. Mas será que essas crises possuem algo em comum? Sim, todas elas são inter-relacionadas, sistêmicas e ameaças existenciais globais, causadas pelo comportamento humano. Em outras palavras, foram causadas por nós.
Na Amazônia, aproximadamente 1260 árvores são destruídas por minuto; são necessários 17.196 litros de água para produzir 1 quilograma de chocolate; apenas 23% das pessoas estão engajadas em seus trabalhos; e a população de insetos diminuiu 80% nos últimos anos. Alguns leitores mais velhos certamente recordarão de viajar com seus pais, quando o para-brisa do veículo ficava tão infestado de insetos que era necessário parar em um posto de gasolina para limpá-lo. Não podemos ficar indiferentes à essas constatações, nem deixar de reconhecer que estamos caminhando a passos largos para um ponto sem volta e insustentável.
Em 2015, a ONU estabeleceu os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que consistem em 17 objetivos globais em direção a um planeta mais sustentável, pacífico e próspero. Dentre esses objetivos, destacam-se a erradicação da pobreza, a garantia de fome zero, a promoção da saúde e do bem-estar, a mitigação das mudanças climáticas, o estímulo ao consumo responsável, a busca pela paz, a promoção da justiça e o fortalecimento de instituições eficazes, entre outros. Esses objetivos refletem, de certa forma, todas as crises globais sistêmicas que estamos enfrentando atualmente. No entanto, apesar de termos o conhecimento técnico para solucionar os problemas que criamos, nosso progresso em direção a essas metas de desenvolvimento sustentável tem sido muito lento. Em setembro de 2023 o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, em seu discurso de abertura na Cúpula dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável alertou que apenas 15% dos objetivos estabelecidos, foram atingidos.