“Estou convencido das minhas próprias limitações – e esta convicção é minha força”. - Gandhi
Diante de uma plateia atenta, com um público formado predominantemente por executivos, o ilustre orador recebe a primeira pergunta previamente selecionada. Pensa alguns segundos sobre ela e quando decide falar, solta um desconcertante:
“I don’t know”.
Lembro-me do sentimento de perturbação e decepção diante dessa resposta, especialmente por se tratar de ninguém menos que Sua Santidade, Dalai Lama, que na ocasião, abria sua visita ao Brasil durante o mês de setembro de 2011. Mas o sentimento de decepção durou até a resposta ser complementada com algo como:
"Bem, mas nós podemos juntos aprender sobre isso.”
E aquele sentimento inicial deu lugar a uma profunda sensação de alívio. Essa experiência me colocou em contato com uma das minhas maiores fraquezas – achar que tudo tem ou deveria ter uma resposta plausível – e o fato do Dalai Lama não ter uma resposta para uma questão da plateia (veja que a pergunta aqui se tornou irrelevante) ou nem mesmo ter dado uma opinião a respeito, me trouxe na época, uma importante reflexão sobre reconhecer meus pontos fracos, admitir minha ignorância para certas coisas e aprender a se livrar do peso de ter sempre uma resposta para tudo – minha ou dos outros.
Essa ideia foi ampliada quando assisti ao TED Talks de Brené Brown, autora do livro “A coragem de ser imperfeito”, onde ela traz algumas reflexões interessantes sobre vulnerabilidade. Segundo Brené, a vulnerabilidade é o centro do medo e da vergonha, percebíveis no pensamento ou discurso de muitos de nós do tipo “não sou bom o suficiente”, “não sou competente o suficiente”, “não sou bonita ou magra o suficiente”, sendo esses pensamentos apenas sintomas de um modelo mental de escassez e uma profunda desconexão (do ambiente e de si mesmas). A vergonha é o medo da desconexão e as pessoas querem ser aceitas, querem pertencimento, seja essa pessoa um executivo que se esforça para sanar seus gaps ou um estudante que vai para terapia para eliminar sua gagueira. Sofrem a pressão de que “aquilo que as pessoas souberem sobre mim poderá me fazer pensar que não mereço pertencer”. Ambos querem conexão, pois é ela que dá significado para a vida.