“Numa Psicanálise, descobre -se que a vida adulta é sempre menos adulta do que parece: ela é pilotada por restos e rastros da infância.”
Contardo Calligaris
"Para falarmos sobre desenvolvimento infantil, é importante abordar a construção do conceito de Infância. Etimologicamente, 'infância' do latim 'infantia', refere-se àquele que ainda não é capaz de falar, perdurando até os sete anos. Baseado na noção de que 'infans' não era dotado de fala.
Durante muito tempo, a criança foi tratada como um adulto em miniatura, compartilhando atividades, vestindo-se igual e ouvindo conversas sobre todos os assuntos, sem noção de inocência infantil. No contexto familiar, não era considerada importante, sendo, não raramente, um transtorno. Ignoravam-se as etapas de crescimento e desenvolvimento infantil.
No século XVII, a criança passou a ser designada mais precisamente. Nobreza e burguesia sentiram a necessidade de separar crianças e adultos de forma visível, principalmente adotando trajes distintos. A especialização de brinquedos e jogos também marcou a particularidade infantil."
Em 1905 Freud escreve sua obra “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” onde propõe a ideia de uma sexualidade que surgiria desde os primórdios da constituição do psiquismo e seria radicalmente diferente da então aceita noção de instinto sexual da época.
É preciso, no entanto, diferenciar o conceito sexo de sexualidade para psicanálise;
● Sexo: tem como objetivo primordial a procriação, pertencendo ao campo do biológico. Por este ponto de vista, refere-se a um conceito anatômico, remetendo à ideia de gênero, feminino e masculino.
● Sexualidade: por sua vez, assume uma característica cultural e histórica, significando mais que as partes do corpo. Para Nunes e Silva (2006, p.73) “a sexualidade transcende à consideração meramente biológica, centrada na reprodução e nas capacidades instintivas”.