Em 2005, fui convidada por uma cliente que se tornou uma grande amiga para participar de uma organização global composta por jovens presidentes de empresas, com o propósito de desenvolver lideranças por meio de networking e troca de ideias. Essa organização era o YPO (Young Presidents Organization), que já contava com mais de 15 mil membros ao redor do mundo. Naquela época, eu estava em pleno desenvolvimento profissional, havia assumido uma posição de liderança e me sentia extremamente solitária diante dos dilemas das diferentes esferas da vida (trabalho, família, vida pessoal). A missão da organização foi o suficiente para que eu me engajasse no grupo.
Ao ingressar na organização e participar de um fórum com outros líderes, naturalmente me vi cercada por um grupo predominantemente masculino. Essa já era minha realidade a qual eu estava acostumada. Fazia negócios com homens, participava de conselhos de administração na Europa, onde meus colegas eram homens, e liderava uma rede de varejo em que a maioria dos meus interlocutores eram homens. Desde cedo, aprendi a navegar em ambientes nos quais eu era uma "outlier".
Em 2007, a representação feminina no YPO global não ultrapassava 6%, se não me falha a memória. No Brasil, éramos aproximadamente 12 mulheres, o que correspondia a apenas 2% do total membros locais. Naquele ano, nos conectamos e formamos um fórum feminino. Neste fórum os temas que discutíamos (guardada a devida confidencialidade que norteia as conversas no YPO) estavam 100% relacionados aos desafios típicos da liderança: dilemas empresariais, tomada de decisões, condução dos negócios em um país emergente e os desafios de conciliar família e negócios.
Naquela época, ainda estávamos nos primórdios do desenvolvimento do conceito ESG[1]. O termo mais utilizado era CSR (Corporate Social Responsibility - Responsabilidade Social Corporativa). ESG não estava na nossa ordem do dia como atualmente, porém, intuitivamente, aquele pequeno grupo de mulheres foi se conectando com outras mulheres CEOs. Fomos aglutinando outras lideranças femininas que estavam espalhadas e possivelmente isoladas em seus próprios silos. Ampliamos a nossa rede. Em 2010, quando éramos aproximadamente 30, realizamos o primeiro Encontro de Mulheres YPOers no Brasil, um evento que vem sendo realizado anualmente desde então.