Meu relato inicia-se há muito tempo, quando junto à lareira da casa de campo de meu pai, conversávamos (eu e ele), de forma rotineira, sobre alguns dos grandes pensadores de nossa história (principalmente aqueles que denominamos filósofos), seus questionamentos, suas dúvidas, seus argumentos, suas hipóteses. Jean Paul Sartre, Schopenhauer, Marx, Marcuse, Russell, entre outros, tornaram-se íntimos devido à forma didática com a qual papai introduzia suas ideias a mim e àqueles que tinham a sorte de aconchegarem-se no calor daquele espaço para degustar a maneira como ele oferecia tais pensamentos a nós. Sendo assim, cresci em um ambiente propício ao desenvolvimento do gosto pelo pensamento crítico. Todavia, minha formação oficial em Filosofia só veio a se concretizar muito tempo depois dessas bucólicas conversas com papai. Antes disso, muita água correu por debaixo da ponte.
Vejam vocês, fui surfista profissional, mergulhador de plataformas petrolíferas, formei-me em Educação Física, fiz um mestrado em Fisiofarmacologia e um doutorado em Psicobiologia. A cada nova experiência profissional deparava-me com algumas “certezas” que propagava de forma automática e que iam somando-se, sem necessariamente dar-me conta do quão contaminado por elas eu estava. Foi ainda no mestrado, na década de noventa, que travei contato com aquilo que hoje denominamos Coaching, pois o Departamento de Psicobiologia da Universidade Federal de São Paulo já realizava algumas pesquisas embrionárias com essas abordagens de desenvolvimento do ser humano. Algumas leituras ocasionais aproximaram-me das muitas escolas diferentes, mas tenho que admitir que não me senti tocado por nenhuma delas. Todavia, anos depois fiz uma formação com Leonardo Wolk e conheci o Coaching Ontológico. Imediatamente percebi que essa escola era oriunda de um profundo pensar filosófico, principalmente aquele orientado para a investigação criteriosa dos aspectos éticos e linguísticos dos seres humanos. Isso me cativou sobremaneira e fez renascer em mim o interesse outrora plantado por meu pai, ou seja, a Filosofia. A partir de então, o Coaching Ontológico tem sido parte integrante de minha vida profissional e pessoal. Comecei a usá-lo formalmente, em atendimentos individuais ou em grupo, mas também o introduzi informalmente em minhas outras atividades profissionais, principalmente a docência universitária. Foi graças ao meu interesse pelo Coaching Ontológico que resolvi oficializar (depois de já consolidada uma sólida carreira acadêmica) minha formação em Filosofia, e posso afirmar de maneira bastante categórica que este acontecimento foi marcante em minha vida.