Imagine que você ganhou um bolão na loteria, já comprou tudo o que queria, já viajou para todos os lugares que queria, já investiu tudo o que precisava para viver muito e garantir as próximas gerações.
E agora, o que você vai fazer com os seus dias? Qual vai ser o seu trabalho? Não diga que vai ficar à toa, porque até isso cansa. O que você vai escolher? Qual problema do mundo você vai querer resolver?
Qual trabalho te energiza? Qual é aquele que, quando você conquista alguma coisa, dá uma satisfação incrível, uma sensação de poder, de ter chegado no topo da montanha? Aquele que dá uma razão para existir?
E voltando à realidade: como adaptar esse trabalho energizante e satisfatório às necessidades do dia a dia, aos boletos, aos prazos, à vida familiar, à burocracia, à remuneração que acaba antes do mês?
Um trabalho energizante não se apaga diante desses obstáculos diários. Um trabalho energizante ainda é satisfatório, apesar desses obstáculos diários. Ainda assim, vemos tanta infelicidade no trabalho e tanta insatisfação.
Onde está o desencontro?
O que tem acontecido para tornar o trabalho tão insustentável que uma pessoa faz apenas o mínimo necessário para manter sua posição (como acontece na demissão silenciosa), ou pior ainda, que mesmo tendo contas a pagar, a pessoa prefere o desemprego a continuar no trabalho (como aconteceu na grande resignação)?
Temos visto muitos relatos de ambientes tóxicos: estruturas competitivas e controladoras, com foco só em resultados e falta de transparência. Estruturas que geram uma cultura de medo e desconfiança. Nessas organizações, as pessoas costumam viver na defensiva, retém informações, deixam de ousar, de assumir riscos, de inovar. As pessoas trabalham por mais tempo do que sua energia disponível, estão sempre alerta a um possível ataque, tornam-se estressadas e exaustas. Erram e escondem seus erros por causa das represálias certeiras. Um círculo vicioso se instala na estrutura. E o trabalho se torna medíocre.
Este tipo de cenário favorece o adoecimento e o baixo desempenho, pois não conseguimos ser autênticos.
Nos sentimos desamparados e impotentes quando percebemos que nada do que fazemos traz algum resultado. Simplesmente desistimos de tentar, mesmo quando um pequeno gesto resolveria facilmente um desafio.