“Vivemos um tempo em que estamos constantemente correndo atrás. O que ninguém sabe é correndo atrás de quê”
Zygmunt Bauman
“Estagiária, trainee, analista, coordenadora, gerente, diretora. 25 anos da minha vida percorrendo uma carreira linear em grandes organizações. Nasci, cresci e me desenvolvi profissionalmente em empresas. Tive uma vida executiva próspera. Conquistei meu espaço, construí relacionamentos, fiz minha história. Avançar ainda mais dependia de mim, bastava fazer boas escolhas, manter o ritmo de dedicação “acima da média”, me destacar e seguir crescendo.
Aos 44 anos estava onde queria: posição executiva sênior, responsabilidades e desafios relevantes numa organização global, com time de pessoas incríveis, pacote financeiro bacana. O padrão de sucesso que estabeleci para minha vida tinha sido alcançado.
Porém já há alguns anos algo vinha silenciosamente mudando dentro de mim - hoje percebo que eram os impulsos da famosa crise existencial que anos mais tarde fui entender ao estudar o arquétipo das Fases de Desenvolvimento Humano da Antroposofia. A verdade é que lá no fundo, eu sabia que as coisas que no passado eram minhas referências de sucesso já não estavam mais fazendo sentido nem me trazendo realização. Me senti confusa e perdida sobre o significado de sucesso. Amava muito o que fazia e se dependesse de mim faria aquilo pelo resto da vida. Não via necessidade de subir mais degraus na hierarquia corporativa para me sentir realizada. Porém, este pensamento me trazia um sentimento de culpa, afinal “sou uma pessoa que cuida do desenvolvimento dos outros e não quero me desenvolver?”.
Entrei num conflito interno buscando resposta para esta pergunta, afinal era esperado de mim que eu fosse uma profissional acima da média e que quisesse continuar crescendo na carreira, o que na época significava uma grande dedicação à dimensão do trabalho em detrimento de outras.
Um processo depressivo silencioso vinha se instalando aos poucos, o que me fazia empreender o dobro de esforço para fazer as coisas normais do dia a dia. Isso me deixava exausta e minha saúde mental se comprometia, afetando minha vida profissional e outras esferas.