Vou iniciar esse artigo contando algumas histórias reais sobre como duas famílias empresarias lidaram com o tema herdeiros e suas consequências. Todos os nomes citados são pseudônimos para manter a confidencialidade.
História 1
Encontro com três sócios de uma empresa familiar de médio porte. Todos os sócios estão na casa dos 70 anos e gostariam que os filhos fossem preparados para serem herdeiros do negócio. São 11 herdeiros e cada um fez sua escolha profissional afastada do negócio da família. Temos nesse grupo dentistas, médicos, administradores, advogados, enfim, cada um construiu sua história, pois era proibido nessa empresa familiar filhos aproximarem-se da empresa.
História 2
Pedro está cursando a faculdade de engenharia, está no último ano, chega até uma Coach por indicação de um amigo, pois não está feliz. Inicia a conversa dizendo que vai entregar seu diploma para o pai e não sabe nem por onde começar, pois seu sonho está relacionado ao esporte e já passou seu tempo, segundo ele.
Por que iniciar esse artigo contando esses dois casos? Porque eles nos mostram decisões opostas: a primeira história de afastamento do negócio familiar, já a segunda de incentivo excessivo de aproximação. Porém, nenhuma dessas duas estratégias atende a necessidade do principal ator: o próprio herdeiro.
Na história 1, estamos atendendo a necessidade dos sócios de não trazerem os filhos para o negócio a fim de evitar a associação da carreira dos seus filhos com o negócio familiar, prevenindo, consequentemente, futuros conflitos e disputas. Na segunda história, há o aparente desejo do pai de ter o filho trabalhando no negócio familiar. Enquanto faltou para o filho, por motivos não expressos, força suficiente para confrontar o desejo do seu pai. Esses são apenas dois exemplos da complexidade presente nas escolhas dos herdeiros de um negócio familiar.
A título de alinhamento e clareza, gostaria de definir herdeiro: filhos, netos, bisnetos de empresários e empresárias que herdaram o patrimônio de um negócio familiar. O herdeiro não será, necessariamente, o sucessor, assim como poderá ou não, ocupar uma posição de gestão na organização. O herdeiro sim, herdará propriedade e precisará, futuramente, tomar decisões com relação à empresa e seu patrimônio.