Os bastidores da saída de cena dos fundadores
Era uma vez três sapos à beira de um lago. Um decidiu pular dentro d’água. Quantos sapos ficaram na margem? O leitor provavelmente responderá “nenhum, porque os outros dois sapos seguiram o primeiro”. Na verdade, restaram três sapos. O primeiro sapo havia apenas decidido pular, mas não passou da decisão à ação.
É assim que tenho acompanhado diversos casos de fundadores de negócios familiares que tomam a decisão de passar o bastão. O que levaria um empresário bem sucedido a identificar o momento de sair de cena e passar o bastão a seus sucessores? Seria uma escolha interna, fruto de amadurecimento e compreensão dos ciclos de vida? Seria um ato deliberado? Infelizmente, na maioria dos casos não é assim. Os processos de preparação para a sucessão costumam ser longos, mas na maior parte das vezes, o momento da transferência do poder tende a ser provocado preponderantemente por fatores externos, envolvendo questões de saúde ou morte.
Apoiados por diversos profissionais especializados em elaborar o planejamento sucessório, todas as medidas recomendadas na literatura são providenciadas, planos são escritos, acordos de acionistas e de família são firmados, conselhos são constituídos, filhos e sobrinhos são enviados às melhores escolas de negócios. Muitas vezes, esses jovens passam por posições em outras empresas às quais devem ser admitidos e promovidos por mérito próprio, recebem Coaching e Mentoria. A escolha do sucessor é feita. O empreendedor ensaia passar o bastão, mas não passa. Por que é tão difícil passar da decisão à ação na passagem do comando da gestão da empresa familiar?
Tentemos iluminar os bastidores da cena sucessória, na qual o protagonista-fundador depara-se com a possibilidade da cortina final, que o despirá do papel heroico desempenhado e aplaudido por tantos anos.