O ano era 2015 e eu estava a pleno vapor me dividindo entre 3 atividades profissionais, uma nova graduação, além da jornada de mãe de 3 filhas e dona de casa solo.
Me sentia energizada, num ritmo frenético que fazia sentir-me viva e super bem. A enxaqueca me pegava sempre, mas isso era herança genética, nada que uma alta dose de analgésicos não resolvesse. Havia também uma certa irritabilidade, mas isso eram coisas da vida mesmo, afinal, hoje em dia, quem não se irrita com o stress do trabalho, contas a pagar, educação de filhos.
Lembro que minhas filhas diziam que o momento mais divertido era no trajeto escola-casa-escola, quando eu, já tendo estourado todos os limites da calma, paciência e somente com uns 5% de tolerância dirigia xingando outros motoristas no trânsito. Mas isso também é supernormal, afinal, como eles demoram a sair do lugar quando o sinal abre, ou como andam devagar nas ruas! No fim das contas, tudo isso é normal, faz parte da nossa rotina, não é? Não! Não é normal e não, essa rotina não tem nada de normal, muito menos de saudável.
E eu somente descobri isso, quando fui ao médico ver outra medicação para a bendita enxaqueca que já não cedia a nenhum dos medicamentos que eu tomava. Atirei no que vi e acertei no que não vi e ao final de uma consulta de quase duas horas e uma investigação feita pelo neuropsiquiatra, saio do consultório com uma licença médica e um diagnóstico de Burnout.