Este artigo foi escrito a quatro mãos, por duas pessoas com um sonho em comum: viver e trabalhar na Alemanha. Claro que a palavra sonho já implica em um bocado de fantasia, e a realidade adora puxar seu tapete, de formas variadas. Somos amigos desde 2004 e sempre trocamos nossas impressões sobre as diferenças culturais sentidas entre Brasil e Alemanha, como lidamos com elas, o que achamos bom, o que foi aceitável, e o que não combinou mesmo com nosso jeito latino de ser.
O que queremos trazer aqui é, como só poderia ser, um pouco de nossa experiência pessoal, que não é e nem pode ser regra para outras pessoas, mas interessante para refletirmos sobre diferenças culturais. A experiência de um, Luciano, acontece no início da década de 90 e dura um ano e meio. A de Juan tem início em 2015 até os dias de hoje. Para melhor situar, ambas ocorrem em grandes empresas alemãs, com forte presença também no Brasil.
Sim, uma das coisas que temos em comum, é a afinidade com a Alemanha, suas paisagens, cultura, castelos, vilarejos e arquitetura. Esta relação, para ambos, começou com a paixão, a idealização do lugar perfeito, pura expectativa de que lá encontraríamos a felicidade em todos os aspectos. Em suma, o lugar perfeito no planeta Terra. Com o tempo, evoluiu para o amor, e conforme a convivência e a proximidade se estabelecia, a realidade tratava de abalar sem piedade nossas mais singelas idealizações. Podemos chamar isso de choque de realidade.
Neste artigo queremos focalizar algumas destas diferenças na experiência corporativa, mas não nos limitando a ela, até para que possamos expandir sua percepção e compreensão.
Sabemos como são diversas as visões de mundo de pessoas que foram criadas em lugares diferentes. Quanto mais distantes estes lugares, maiores tendem a ser estas diferenças. Quando cruzamos fronteiras, a coisa complica mais ainda, pois como sabemos hoje, o idioma com o qual a pessoa foi criada é preponderante na construção dos caminhos neurais que se estabelecem para aprender a
compreender e a lidar com o mundo que está lá fora.
Como estabelecer relações com as pessoas da família? E com pessoas estranhas? Como ser aceito nessa sociedade? Quais comportamentos são validados? Quais devem ser evitados e quais são absolutamente proibidos?
Como nossas experiências tiveram origem associadas ao mundo do trabalho, o modelo de desenvolvimento de grupo proposto por Bruce Tuckman em 1965, pode ser um fio condutor de reflexões. Ele está dividido em quatro fases: formação, tempestade, criando normas e atuando.