“Como a flor de lótus que nasce da lama, devemos honrar as partes mais sombrias de nós mesmos e as mais dolorosas experiências da nossa vida, porque são elas que permitem o nascer do nosso EU mais belo”
Debbie Ford.
Os níveis de preocupação com nosso tamanho e forma corporais e o desejo de ter um corpo magro ideal vem na contramão do aumento do sobrepeso na população mundial.
A associação entre beleza, sucesso e felicidade com um corpo magro a qualquer custo tem levado nossas pessoas para a prática de dietas abusivas e outras formas não saudáveis de regulação do peso. A insatisfação com o corpo, não importando como ele seja, é cada dia mais frequente. (nota 1)
Não estamos apenas falando aqui sobre um clichê de amor-próprio. Estamos falando de saúde mental da nossa população já que 92% das mulheres brasileiras se encontram insatisfeitas com seus corpos; 1 milhão de jovens americanos de 15 a 19 anos, todos os meses, utilizam métodos laxativos ou vômitos para controle de peso. Uma estatística nacional demonstrou que 32% dos adolescentes de toda uma escola brasileira vomitavam ou usavam laxantes apenas para emagrecer e outros 12% tinham um transtorno alimentar. Uma em cada quatro meninas europeias de 7 anos já tentaram fazer dieta pelo menos uma vez e 80% das meninas americanas com menos de 10 anos já fizeram dieta. (notas 2,3 e 4)
Vivemos uma normose de insatisfação corporal, ou seja, normal é se sentir inadequado.
A insatisfação corporal está ligada a pior saúde mental, piores escolhas alimentares, maior consumo alimentar, obesidade mais severa, baixa autoestima, estresse psicológico, diminuição da performance escolar em adolescentes, maior predisposição de depressão e distúrbios alimentares. (notas 5,6 e 7)
Ainda, se ver acima do peso pode ser umas das lacunas que faltam para que entendamos o motivo da crescente obesidade no mundo. Uma pesquisa que seguiu jovens durante 11 anos mostrou que adolescentes com peso normal, mas que pensam ser gordos, são mais propensos a ganhar peso, especialmente as meninas. “Ver-se gorda, mesmo não sendo, pode realmente fazer com que os jovens com peso normal se tornem obesos quando adultos” Koenraad Cuypers, um pesquisador da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia. (nota 8)
O conceito de autocompaixão foi definido por Kristin Neff como uma atitude compassiva desejando bem-estar ao eu, encorajando a si mesmo mudar de forma gentil padrões de comportamentos disfuncionais.
Evidências atuais tem demonstrado que altos índices de autocompaixão estão relacionados a menor preocupações com o corpo, menos culpa ao comer e diminuição dos sintomas depressivos relacionados a imagem corporal. (nota 9)
A autocompaixão motiva a mudança aumentando o autoapreço e cuidado genuíno direcionado a si mesmo. A nossa sociedade tem uma crença que a motivação advinda da autocrítica severa é a única maneira de se alcançar metas. Quando na verdade, a ciência da motivação tem demonstrado o inverso.
Evidências de como a autocompaixão pode ajudar a promover uma imagem corporal mais saudável:
A insatisfação corporal tem nos tornado suscetível a uma indústria que tem em sua agenda vender “saúde” e milagres para corpos ideias.