Crescemos como indivíduos à medida que refletimos sobre nossas experiências e vivências e seus impactos sobre as outras pessoas. E ao interagirmos com outros indivíduos lidamos com situações de confronto ou mesmo de cooperação, defrontarmo-nos com nossos limites, capacidades e necessidades. Nessas interações emergem múltiplas de possibilidades e, a mais impactante é a compreensão de que estamos espelhando o outro, revelando o que geralmente me incomoda ou agrada.
Será que há exatamente aí uma oportunidade autodesenvolvimento? Os encontros podem se tornar a mais significativa fonte para uma saudável percepção sobre si mesmo.
Podemos aprender muito com os lápis de cor: alguns são bem apontados, outros não; há também aqueles que são muito bonitos, outros nem tanto; existem os que ostentam cores vibrantes e aqueles um pouco sem graça. O fato é que todos esses lápis precisam aprender a viver lado a lado, em uma mesma caixa.
(Anônimo)
Ao estudarmos a alma chegamos a uma imagem multifacetada, tal como um diamante lapidado. Assim, uma alma pode entrar em relação com outras almas, harmonizando suas faces ou arranhando-se nos seus vértices. Quando a alma se coloca em movimento entre almas é que surgem os sentimentos mais primários, os quais conhecemos como simpatia ou antipatia. Esses sentimentos emergem instantaneamente, e podem ir se dissipando à medida que convivemos e experimentamos algumas experiências com a outra pessoa. É um fenômeno que se repete a cada novo encontro.
Então, o ato de encontrar o outro tem algo como uma qualidade de ir contra, no sentido de perpassar, atravessar o outro. A alma move-se nessa dualidade entre simpatias e antipatias; entretanto, é somente ao acessarmos o Eu que podemos elaborar e transformar esses sentimentos primários em empatia. Empatia, portanto, não é algo dado a priori, ela é uma conquista ponderada pela consciência. Sentimento, pensamento e vontade são capacidades da alma que precisam ser trabalhadas para que se possa nutrir um senso de coerência na vida.
O ser humano é o único ser capaz de refletir sobre as consequências dos seus atos e decidir tornar-se melhor a cada nova experiência. Neste ponto o pensar, sentir e querer se alinham. Na solidão, somos poupados de ter que nos deparar com experiências que nos coloquem em xeque. Mas nos relacionamentos, podemos chegar ao ponto de perguntar, quem sou eu nessa existência? Quando essa questão surge, a partir das ponderações do Pensar, perpassadas pelo Sentir e Querer entramos num fluxo anímico, que ocorre a cada nova experiência em fração de segundos. Daí pode resultar que as nossas ações no mundo, sejam na direção da liberdade genuína. Apenas em um gesto, uma decisão ou em uma ação verdadeiramente livre pode surgir o amor.