Uma breve reflexão sobre ética, aplicada tanto ao mundo dos negócios como a convivência em sociedade
Nos meus 7 anos de idade, minha mãe foi chamada na escola porque eu havia rasgado um pedaço do caderno de um colega com quem havia brigado. Ninguém mais havia visto. Só eu e ele.
“Filho, foi você que fez isto?”
Aquela pergunta me causou frios na espinha quando minha mãe a fez, olhando nos meus olhos em frente à professora. Até então eu havia negado, quando ele foi, chorando, contar para a professora.
Minha mãe, também professora, trabalhava na escola municipal, em frente. Foram só cinco minutos para ela chegar.
Após a apresentação dos fatos pela minha professora, minha mãe apenas me perguntou: “Filho, foi você que fez isto?”
Para minha professora eu havia negado, confesso que por medo da repreensão, do castigo. Naquela época (que frase...) existia o livro negro, e quem se lembra dele comente abaixo. Mas, negar para minha mãe, não era questão de medo. Era algo que com sete anos eu não sabia explicar. Seria negar tudo o que ela e meu pai viviam e me ensinaram. Negar parecia uma possibilidade absurda, estranha, sem nexo, desconectada de tudo o que aprendia e vivia.
Vivemos hoje a cultura de que, se não for pego, filmado, gravado e muito bem provada a sua culpa, você pode dizer aos quatro ventos que não fez nada. Embora as evidências sejam as mais sólidas e contundentes, o interesse próprio sobressai.
Seria tão bom se, ao invés de juízes e tribunais, pudéssemos chamar as mães de nossos políticos e correlatos e elas perguntassem, com aquele olhar de mãe:
"Filho, foi você que fez isto?”
Luciano Lannes