O Coaching no mundo empresarial foi muito bem recebido por conta de ser uma metodologia muito lógica que apoia executivos em seus dilemas e momentos em que se sentem travados – dificuldade em compor novos cenários –, amarrados em velhos hábitos e paradigmas ou com dificuldade em organizar, compor e processar um processo significativo de mudança.
No ambiente organizacional temos várias metodologias para apoiar nesses momentos sendo o Coaching uma delas, ao lado do Mentoring que também tem um papel preponderante e tem ganhado grande espaço. São metodologias completamente distintas, na medida em que no Coaching a premissa básica é a não diretividade, ou seja, não contaminar seu cliente com seu modo de pensar, no Mentoring a ideia é a transferência proposital, de forma organizada e estruturada da expertise de um profissional sênior para outro mais jovem. Não existe guerra entre elas, são abordagens diferentes e têm momentos diferentes. Assim, não há melhor nem pior. São apenas distintas na forma e no uso, assim como feijão e laranja.
Em meus trabalhos como coach, abro um momento “Mentoring”. Meu caminho no mundo do Coaching teve início com um excelente curso de Mentoring. Minha experiência mostra que mesclar estas duas abordagens é uma receita fantástica, que depende da sensibilidade de quem a aplica.
No Coaching, um dos maiores desafios que o novo profissional irá enfrentar é o da não diretividade. Separar seu conteúdo do seu cliente, calar aquele “...se eu fosse você…” que escorrega pela garganta e ampliar sua escuta, realmente agarrando na crença de que seu cliente tem respostas, pode construir novas respostas, pode mudar seu ângulo de visão e quando isto acontece tudo muda. É fantástico.
Tive três casos que me marcaram muito, onde os clientes vieram com um grande desafio e eu tinha uma resposta pronta, vinda da minha experiência e a garganta coçava, o corpo pinicava de vontade de contar e ver um sorriso no rosto do cliente. Nesses casos, enquanto ouvia o coachee divagando meio perdido, meu conflito interno travava uma grande batalha, com cada parte apresentando seus prós como se fosse um tribunal. Decidi após grandes diálogos internos pelo silêncio. Nesses momentos notamos como o “feeling”, uma intuição, te traz informações não visíveis. Nestes três casos, apostei que os clientes se beneficiariam mais se construíssem suas soluções da forma mais pura possível. Qual não foi minha surpresa quando ao longo das próximas duas ou três sessões cada um deles veio com uma grande sacada que colocou aquela minha ideia que havia calado literalmente no chinelo.
Assim, o grande desafio do Coaching é trabalhar processos de aprendizado, deixando que a pessoa aprenda, sem você estar a ensinar. Parece um contra senso dentro do nosso sistema educacional onde sempre recebemos tudo pronto, mastigado, mas deixar a pessoa aprender, de uma forma apoiada, estruturada, com segurança, onde ganha autonomia para resolver futuros problemas, a acreditar que pode criar, que tem capacidade, repertório e principalmente recursos.
Distinguir os momentos e o tipo de cliente que precisa de Coaching ou de Mentoring é uma arte que vem com a experiência, com a quilometragem.
Boas leituras,
Luciano Lannes