A magia do relacionamento, o desafio de lidar com as ideias e perspectivas diferentes. Precisamos do outro mais do que podemos imaginar. O outro nos ajuda a termos uma dimensão mais real de quem somos e de como nos comportamos e apresentamos para o coletivo. Ele é um calibrador de aceitação e rejeição. Por isto que é um dos maiores aparelhos formadores do nosso ego, a roupagem com a qual nos apresentamos ao mundo. O eu real, este será alcançado no silêncio interior, na meditação.
Este desafio de viver e conviver, ouvindo minhas vozes interiores e outras múltiplas exteriores, nos faz aprender, crescer, ouvir, calar, ponderar, ceder, mostrar nossa ideia sem impor, e sair de campo quando necessário.
Aprendemos muito quando estamos em grupo, e por isto mesmo o trabalho em grupo e equipe é uma temática que me apaixonou desde o início de minha vida profissional.
Nesta edição 72 de maio de 2019 trazemos o tema “Aprender em Grupo”, para abordar esta temática do trabalho com grupos no Coaching. Paulo Corniani fez a coordenação deste dossiê e convidou um grupo especial para cobrir vários aspectos sobre a questão “Grupos e Coaching”.
Compartilho abaixo a apresentação do dossiê, escrita pelo Paulo, onde ele dá um aperitivo sobre o que te espera na leitura dos sete artigos. Compartilhamos também de forma aberta, o artigo escrito pelo Paulo, intitulado “Inteligência coletiva no XXI”.
Paulo Corniani
Sociólogo, pós graduado nas dinâmicas dos pequenos grupos.
Professor, facilitador e consultor especialista em processos grupais.
Coach com formação ontológica.
Sócio do Appana território de Aprendizagem.
Um homem latino americano procurando entender as coisas do mundo
paulo.corniani@appana.com.br
Sempre declaro aos meus alunos: o motivo que me levou a trabalhar e estudar processos grupais foi e ainda é a minha dificuldade em estar nos grupos.
Essa dificuldade me move em busca do entendimento dos fenômenos que acontecem e afetam o grupo, as pessoas do grupo e a mim.
Nestes anos que trabalho e atuo “para”, “com” e “nos” grupos, aprendi muitas coisas que só foram possíveis no vivenciar em grupo, um tipo de aprendizado que só acontece “junto”. Com essa alquimia de afetos, entre desconfortos e aprendizados, descobri que o que mais gosto e desgosto em um grupo sou “eu”. Descobri que os grupos são laboratórios de aprendizagem, é onde podemos nos permitir ser ratos e cientistas em uma dança de papeis, é o lugar em que nos preparamos para atuar na vida que é social/grupal.
Dito isto, o título deste dossiê não poderia ser outro: “Aprender em grupo”. Espero que você se sinta um pouco provocado(a) com essa leitura e que esta possa te suscitar novas reflexões e aprendizados, pois foi preparada com muito carinho e dedicação dos autore(a)s.
Agradeço a todo(a)s autore(a)s que toparam compartilhar suas experiências e aprendizados compondo essa jornada que se inicia com um texto meu, trazendo alguns elementos e reflexões sobre o termo “inteligência coletiva” seguido por… Káritas Ribas, uma de minhas mestras, parceira de trabalho e grande amiga que apresenta em seu texto a importância de nos debruçarmos sobre os processos da aprendizagem nos tempos em que vivemos. Alessandro Campos, meu camarada e irmão de várias jornadas, fala de seu primoroso trabalho “homem a homem” que discute masculinidades. Giselle dos Anjos, mulher incrível que nos traz uma síntese de seu trabalho e ativismo com o texto “Diversidade se aprende em grupo”, uma discussão sobre equidade racial e de gênero que é fundamental para qualquer outra discussão. Mateus Fernandes, meu provocador favorito, que com sua generosidade intelectual aceitou descrever em poucas palavras uma experiência grupal tão intensa e rica com os índios do Mato Grosso. Daniel Pinheiro, homem doce e talentoso, escreveu um texto consistente que em sua centralidade reflete sobre a diferença do trabalho “com” e “para” grupos. Fechando a revista, Carolina Messias, a feiticeira das palavras nos acena com o derradeiro e belo texto falando sobre o Coaching Grupal e as distinções em relação a outras práticas.
Enfim, este dossiê apresenta profissionais de experiências grupais impares, trazendo reflexões que se esquivam dos lugares comuns para ocuparem territórios não convencionais e de potência.
Agradeço especialmente a oportunidade de coordenar está edição ao editor chefe, Luciano Lannes e a amiga Káritas por fazer esta ponte.
Espero que gostem e aproveitem!
Um abraço,
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