Quando falamos em treinamento, podemos, a grosso modo (bem grosso modo), dividir em dois grandes blocos: técnico e comportamental. Em treinamentos técnicos o treinando vai aprender por exemplo a montar um anúncio no Facebook, o que aliás estou aprendendo nesta fase em que escrevo este post. Fiz um curso online, assisti vários tutoriais no Youtube e contei com uma sessão de consultoria com um especialista do Facebook. No curso online, os vídeos são gravados e assistidos em uma ordem crescente de complexidade. Em caso de dúvida o aluno volta e assiste novamente. Os tutoriais do Youtube a mesma coisa: são pessoas que gravaram vídeos compartilhando sua experiência e conhecimento para montar anúncios no Facebook. Neste momento, após assistir vários, fica claro que cada pessoa que está se propondo ensinar tem um nível de expertise diferente e se comunica de forma diferente. Como a maior parte daqueles que postam estes vídeos são pessoas "comuns", quer dizer, não querem te vender nada, apenas ensinar o que sabem, eles não tem a menor preocupação com metodologia de ensino aprendizagem e, passam o conteúdo no canal preferencial de comunicação delas. Alguns compartilham o vídeo da tela e fazem uma narração dos passos a seguir. Outros tem vergonha de falar, então compartilham a tela e escrevem o que fazer ao invés de falar. Outros ainda fazem um vídeo em seus quartos, salas, cozinhas, pouco importa, pois o foco é ensinar uma técnica.
Este é um tipo de treinamento no qual é possível colocar muitas pessoas em uma sala, cada um com seu notebbok e seguindo os passos que o instrutor vai passando. Mesmo neste caso, em que há uma sala com 80 pessoas, é altamente recomendável ter um determinado número de assistentes de sala para interagir com pessoas que apresentem mais dificuldade. Cada caso é um caso e cabe a quem ministra o curso estimar isto.
Agora, Coaching é treinamento técnico? NÃO! Coaching é 90% comportamento e 10% técnica. Escolas com salas lotadas, obviamente trabalham o Coaching como técnica e não como análise e reflexão sobre comportamento. Quanto em uma aula de Excel se ensina o conceito de formatação de dígitos após a vírgula, não existe margem para múltiplas interpretações. Em Coaching quando falamos em crenças, mudanças, autodesenvolvimento, cada pessoa tem um conceito diferente sobre a questão, cada pessoa está em um estágio diferente e assim, interpreta, reage e pratica de forma diferente. Aprender algumas técnicas tem seu valor? Com certeza, mas tenha clareza que representa apenas 10% do total.
Quando falamos em treinamentos comportamentais, é preciso muita conversa, exercícios em duplas, trios, grupos, interações, reflexões, e partilha, muita partilha. Imagine uma partilha no final de um dia de curso em uma sala com 100 pessoas, onde cada uma falasse durante dois minutos. Seria necessário 3 horas e vinte minutos para que todos pudessem compartilhar como estavam saindo do curso naquele dia. Esta atividade de partilha ficaria até estranha em uma sala com um curso de Excel. Não teria até sentido, pois meus sentimentos, crenças, conceitos não foram provocados ou remexidos.
Assim, Coaching de verdade, Coaching focado na reflexão, na auto análise, na investigação do ser humano não cabe em metodologias técnicas ou em planilhas e formulários. É preciso interação, muita interação, e isto só é possível com grupos pequenos. Coaching está profundamente baseado em relacionamento e em confiança. Assim, em cursos de formação em pequenas turmas, existe a criação e fortalecimento de laços e vínculos tanto entre alunos e focalizador como entre os próprios alunos.
Ao pesquisar um curso de Coaching, tenha claro o seu objetivo e a linha que está buscando. Questione a metodologia de aula, as técnicas utilizadas, os materiais de apoio, e o tamanho das turmas. Acima de 20 ou 30 pessoas, desconfie. Se quer ser realmente coach, fuja das salas lotadas.
Esta postagem é parte de uma mais ampla que aborda a questão do "Onde devo estudar Coaching". Visite esta postagem para outros importantes fatores na escolha de um curso.
Com os votos de que suas escolhas sejam cada vez melhores, boa sorte e até breve!
Luciano Lannes
Editor da Revista Coaching Brasil